Recuperar a Memória desde uma perspetiva de Género
A etapa da República, apesar de ser um período muito breve, trouxe muitas mudanças para as mulheres e estes percebem-se claramente na Galiza, não só em aspetos legais, pondo-nos à altura dos países mas avançados. No que se refere a igualdade entre homens e mulheres: laicismo; direito a voto; divórcio; supressão do delito de adultério aplicado só às mulheres; aborto; casamento civil; não diferenciação de filhos e filhas legítimas e ilegítimas; coeducação; regulamentação do trabalho feminino; incorporação a postos de trabalho segundo mérito e capacidade sem distinção de sexos; equiparação salarial com os homens. Houve uma incorporação importante da mulher a nível social e na luita política e sindical.
Quando se produziu a sublevação militar no 1936, centos de mulheres, comprometidas com os valores que representava a República, foram perseguidas, inabilitadas, encarceradas, torturadas, violadas, fuziladas ou tiveram que partir cara o exílio, numa viagem, para algumas, sem retorno, ou viveram um exílio interior. Durante anos, o silencio acompanhou a todas estas vítimas da repressão e às suas famílias num exercício de esquecimento infame.
Houve mulheres que trataram sempre de defender uma sociedade mas igualitária desde diferentes frontes, desde o meio rural ou urbano, com diferente compromisso.
Escrever, pronunciar o seu nome já que o que não se nomeia, não existe recuperar o seu passado, é uma forma de lhes render uma homenagem, também, de contribuir a inclui-las na História que, durante muitos anos, unicamente deu relevância ao papel dos homens, esquecendo a capacidade das mulheres.
Para todas estas mulheres, durante anos só existiu silêncio, esquecimento, e não só no franquismo, mas até há muito poucos anos quando começou fazer-se esse trabalho de Recuperar a Nossa História desde uma perspetiva de género. A nossa organização tem contribuído na medida das nossas possibilidades a este labor com diferentes trabalhos. Com todas estas mulheres, milicianas, exiladas, fugidas, represariadas em geral, temos uma dívida histórica: recuperar o seu passado. Através da recuperação da memória, do que se trata é de as visibilizar e de afirmar e reivindicar um reconhecimento social para essas mulheres que formam parte da nossa própria história.
Mulheres Nacionalistas Galegas
Galiza 24 Maio 2007