O próximo domingo, 3 de março, decorrerá em Compostela umha manifestaçom nacional sob a legenda: Polo direito ao trabalho, à igualdade, aos serviços públicos e à plena soberania nacional galega convocada por diferentes organizaçons soberanistas.
A vinculaçom que Mulheres Nacionalistas Galegas tem à causa soberanista, que considera como própria, nasce da análise da realidade do país a que pertencemos. Ao melhorarmos as condiçons de vida, as condiçons laborais, os serviços sociais… ao normalizarmos a nossa língua e a nossa cultura, ao contarmos com um poder político que for soberano e nos representar na comunidade internacional, as mulheres galegas como integrantes em 50% da populaçom deste país, imo-nos ver beneficiadas. A luita pola soberania nom garante por si própria um avanço para a nossa libertaçom, mas é umha realidade que nos atinge como parte do povo galego.
Partimos da base de que a actual situaçom económica, política e social tem diferentes respostas organizadas a distintos níveis, mas todas elas confluem, na teoria, no desejo de construir umha sociedade mais justa e, também, muito na teoria, na defesa dos direitos da Galiza.
Cumprem projectos transformadores que assumam os direitos das mulheres e recolham, das luitas feministas, todas aquelas alternativas que se elaboram para assegurá-los e defendê-los. Só desde a luita antipatriarcal e anticapitalista poderemos conseguir umha mudança radical desta sociedade e portanto é muito importante aprofundar na auto-organizaçom e nas formas de luita das mulheres para construir umha Galiza realmente livre e nom patriarcal.
Acreditamos que as feministas temos que dar uma resposta firme a toda a série de cortes que está a fazer o actual governo e que nos afectam muito especialmente. Por isto fazemos um chamado para que nos manifestemos conjuntamente e assim fazer visíveis as reivindicaçns que nos som próprias, para dizer alto e forte que nom estamos dispostas a perder os nossos direitos. É por isso que as MNG participaremos junto com Conas Ceives e outras organizaçons feministas do país conformando: #FeministasEmResistência
Esta é uma proposta aberta para que cada uma de nós faça o mesmo apelo. Animádevos a participar fazendo-o próprio e difundindo este chamado por todas as vossas redes de contactos.
Juntas podemos, avante a luita feminista!!
Disponibilizamos o manifesto:
Manifestaçom nacional no próximo dia 3 de março, que marchará polas ruas de Compostela, com saída às 12hs da Alameda.
Polo direito ao trabalho, à igualdade, aos serviços públicos e à plena soberania nacional galega
Por um processo constituinte e de ruptura democrática. Chega já de corrupçom e de destruiçom social e cultural
Herdeiras e herdeiros da esperança de Celso Emilio, erguemos a voz num tempo obscuro para convocar a sociedade galega, essa imensa maioria social trabalhadora, a umha resposta de dignidade e de luita para enfrentar o tempo da devastaçom social e cultural, política e económica, que estám a provocar as políticas do capitalismo ultraliberal no nosso país, Galiza.
Esta convocatória quer assinalar como responsáveis os governos fantoches que atendem submissos às imposiçons dos mercados capitalistas e dos especuladores, grandes empresários e defraudadores em prejuízo do acervo de direitos económicos, sociais e culturais, e das liberdades políticas que precisamos as galegas e galegos para podermos exercer a nossa condiçom de cidadania social. Ese complexo de direitos e liberdades constitui os alicerces do outro país que arelamos, livre do complexo de violências estruturais que em todos os ámbitos da vida social ferem as condiçons materiais de vida da imensa maioria trabalhadora do País.
O regime político da II Restauraçom esmorece, provocando umha violenta destruiçom social, económica e cultural sobre o nosso povo, cuja maioria trabalhadora contempla a destruiçom de emprego e o crescimento do desemprego, dessa Galiza que já tem mais de 350.000 pessoas sem trabalho e que contempla como a juventude tem como único futuro emigrar; a voadura dos setores produtivos estratégicos do País, do naval ao agropecuário, passando polo estrangulamento da investigaçom e do desenvolvimento; a privatizaçom e o espólio do aforro galego que se quer entregar ao grande capital financeiro; a degradaçom e a privatizaçom dos serviços públicos educativos, sanitários, sociais e mesmo da justiça; o roubo e o escándalo dumha corrupçom funcional às relaçons sociais de produçom capitalistas; ou o emprego do governo autonómico para destruir a nossa língua e cultura; ou o incremento continuado da repressom policial, judicial e carcerária, como estamos a ver, contra aqueles movimentos sociais, sindicais e políticos que rejeitam este regime. E, como corolário dessas agressons, o medo, a pobreza, a precariedade social, a dor, a angústia e inclusive os suicídios. Denunciamos un regime político e de acumulaçom de capital que amortalha vidas, esperanças e mesmo cadáveres para entesourar moedas, cobiça e egoísmos.
Um regime em que os setores mais conservadores ganham tempo numha das suas batalhas mais mediáticas: a eliminaçom de direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Este ataque contra o direito a decidir sobre a reproduçom nom é acidental e está marcada pola ofensiva contra os direitos conquistados polas mulheres nos últimos anos. Ao questionar a sabedoria das mulheres para decidirem sobre seus corpos e criminalizar aquelas que nom querem ser maes, as posiçons antiabortistas reforçam o seu papel como maes e esposas no ámbito doméstico.
Estamos diante de um modelo político e social que mete água por todos os lados e do qual nada se pode esperar, porque foi protegido de qualquer tipo de mudança e rejeita mesmo discutir. A sua legitimidade do ponto de vista político está cada dia mais deteriorada e só lhes fica o recurso permanente à repressom para enfrentar as legítimas demandas do povo.
Só nos deixam um caminho para as transformaçons que as pessoas precisamos: A MUDANÇA DE SISTEMA.
Os senhores de negro, com a cumplicidade do grande capital, imponhem o seqüestro dos direitos fundamentais do nosso povo: económicos, sociais, lingüísticos e nacionais; utilizando a Constituiçom de 1978 como útil ferramenta ao serviço dos interesses de umha poderosa minoria oligárquica empenhada, em nome da ilegítima dívida e da “unidade de mercado”, na precarizaçom e espanholizaçom definitivas da Galiza.
Encontramo-nos num momento decisivo para configurar o futuro: o velho está a morrer e ainda nom surgiu o novo. Todos os dias afrontamos umha luita decisiva entre o poder económico de banqueiros, especuladores e grandes empresários que contam com a cumplicidade dos partidos do regime e nós, a maioria do povo trabalhador, para defender umhas condiçons de vida dignas. Essa luita requer da soma de forças e esforços partilhados para construir um futuro distinto e melhor para o nosso povo; povo que se achega a essa luita necessária com os “poderes da fouce i-os poderes da frol/ os poderes do trabalho, do pranto e do pam”, a luita germinal que aventurou o verso de Lorenzo Varela.
Fazemos um chamado ancorado na razom emancipatória à cidadania consciente deste país e ao conjunto das forzas sociais e políticas e ao sindicalismo de classe do País, a essa imensa maioria que vive do seu trabalho, para se mobilizar numha primeira açom pública que afirme a determinaçom e a vontade de produzir de modo compartido um novo quadro político, social e cultural, que sirva a toda a sociedade galega e permita o despregamento de todas as capacidades e potências que possuímos e que se acham, na atualidade, lastradas por um regime político e social esgotado e que nom dá garantido condiçons de vida digna à maioria da sociedade, condenando à pobreza mais de meio milhons de galegas e galegos.
Hoje em dia, cumpre articular umha aliança para produzir um novo processo que permita recuperar os nossos direitos políticos, económicos, sociais, lingüísticos e culturais como povo, de modo que nom tenhamos que emigrar para ganhar a vida, que nom seja possível sofrer um despejo, que as mulheres e homens que vivem e trabalham na Galiza, com independência da sua situaçom administrativa, tenham acesso livre aos serviços públicos da nossa sociedade. Nom haverá direitos, liberdades e soberania nacional galega se nom ultrapassarmos os estreitos e antidemocráticos muros deste regime e damos carta de natureza às práticas da democracia participativa e direta. Quando se afasta o povo, o vazio ocupam-no os interesses do capital. Quando o comum enche as ruas, ganha o interesse geral e o bem público.
Para sermos mais e maioria na tarefa de construir umha Galiza soberana de iguais em liberdade, convocamos quantas pessoas e entidades acreditam na urgência e na importáncia de articular um espazo plural e partilhado de açom política e luita social que resgate os poderes públicos do seqüestro que sofrem polo capitalismo da globalizaçom ultraliberal e permita o exercício da dignidade, da justiça e da plena soberania nacional ao povo galego.