Dia da visibilidade lésbica porque quando se fala de homossexualidade, geralmente a palavra “lésbica” não é pronunciada, sendo substituída por gay ou homossexual, termos que abrigam tanto a homossexualidade feminina como a masculina.
Usando termos gerais, apaga-se as especificidades da sexualidade lésbica, tão pouco falada e cai-se novamente na invisibilidade do feminino, isto é, apaga-se a história das mulheres como protagonistas de sua própria vida e volta-se para o senso comum de que os grandes heróis são sempre os homens, mesmo dentro do movimento LGBT. Os sujeitos femininos continuam relegados ao silêncio e ao esquecimento, como foram durante boa parte da história da humanidade.
Dar visibilidade é tornar algo visível. Algo que antes, por alguns motivos, não era visível.
A crítica feminista ao que nos contam do que é a história oficial é um bom exemplo de crítica à invisibilidade: aprendemos na escola o nome de vários homens que fizeram revoluções e lutaram pela independência de seus povos – Robespierre, Lenin – mas não costumam nos ensinar sobre as mulheres que lutaram nestes mesmos processos – Olympe de Gouges, Alexandra Kollontai.
Não ser visível na história é como não ser um sujeito na história. E de várias maneiras o mundo vai naturalizando algumas práticas sociais como se fossem o “normal”. O que foge a regra é considerado meio esquisito. As meninas e os meninos vão aprendendo que aquele espaço público, da política, das transformações, das ações, são espaços para os homens. Pras meninas, outras atividades são apresentadas como destino natural (não menos importantes, mas socialmente menos valorizadas).
Tem motivos pra algumas coisas serem ocultadas nesse nosso mundo organizado em torno de opressões e desigualdades: é pra manter as coisas exatamente como estão. Ou seja, pra manter as relações de poder que privilegiam os homens, brancos e heterossexuais no nosso mundo.
Hoje é dia da visibilidade lésbica. É mais um dia de luta por liberdade, além do dia do orgulho LGBT. Porque esse mundo além de hétero-normativo, também é machista. Então, é importante afirmar a visibilidade lésbica, e não basta falar só sobre os gays, homens homossexuais.
Afirmar o direito de ser lésbica é parte do questionamento ao que é a visão machista da sexualidade feminina que – pra muitos homens e, infelizmente, pra muitas mulheres – deve servir para a reprodução, ser passiva, destinada para o prazer dos homens .
A luta política se dá diariamente, mas em dias como este podemos relembrar a nossa importância, existência e resistência!