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Acordamos hoje com a noticia de que por volta das onze da noite desta segunda, produziam-se duas detenções em Narom e de que as pessoas arrestadas som Sílvia C.S e Júlio S.S.

Conhecemos a Sílvia, ela faz parte das MNG na sua participação social como mulher comprometida com a luta feminista, é a nossa companheira. Sem entrarmos a julgar a participação que possa ter em outros projetos em que puder estar envolvida, para nós é evidente que não estamos ante a primeira vez em que se produzem detenções arbitrárias como parte de campanhas mediáticas que pretendem criminalizar ao conjunto do movimento social.

Seja como for e, independentemente de se têm ou não algum tipo de relação com as acusações que se lhes imputam, desde Mulheres Nacionalistas Galegas queremos expressar uma rotunda mensagem de repulsa ao tratamento que se está a aplicar a esta noticia por parte dos meios de comunicação convencionais. É por isso que queremos manifestar o seguinte:

Denunciamos publicamente o como os media não tiveram reparo em publicar os seus nomes completos, nem em atribuir-lhes a comissão de ações ilegais, saltando por cima do direito à presunção de inocência. Denunciamos que pela contra estes mesmos meios guardam-se bem de salvaguardar a intimidade dos terroristas machistas quando publicam notícias que fazem referência aos assassinatos provocados pela violência de género, nestes casos eles sempre são presuntos assassinos.

Os media condenam publicamente a Sílvia e ao seu companheiro, ao pouco das suas detenções, no entanto vêm escusando sistematicamente aos assassinos machistas e chegam a qualificar de “crime passional” o acontecido em El Salobral (um claro caso de violência machista).

Não fazem referência ao valor humano e trajetória destas duas pessoas. Tanto Sílvia como o seu companheiro têm participado em diferentes projetos sociais, culturais, políticos e comunitários ao longo de muitos anos… Pela contra estes mesmos media sim buscam testemunhas entre as pessoas que conhecem aos assassinos machistas para fazer que apareçam diante da opinião pública como “boas pessoas”, “solidárias”,…

Ante as condições em que que se produz a detenção da nossa companheira Sílvia, fazemos notar a preocupação pela sua integridade física e psicológica e somamo-nos à alerta manifestada no sentido de que se estiver a produzir qualquer trato vexatório.

Fazemos publica a nossa preocupação ante a possível tortura psicológica exercida sob ela mediante a chantagem com o filho. Canda ela os agentes levaram uma criança de oito meses ainda lactante que ficou afastada de sua mãe e sem se alimentar desde a hora em que a prenderam, até as três da madrugada, quando uma familiar foi avisada para se fazer cargo da criatura.

Tanto o comunicado emitido desde o Ministério do Interior como a maior parte da prensa obvia em todo momento a presença do bebé que é levado a depêndencias policiais e separado da sua mãe por mor da aplicação da lei antiterrorista. Onde os direitos do menor, ninguém se vai perguntar sob a legalidade deste facto?

A questão ainda é mais grave se temos em conta que na página do Ministério do Interior não se assinalam acusações contra Sílvia. A quem beneficia o uso da vulnerabilidade duma mulher ante a separação do seu filho?

Para nós os factos supõem só mais uma mostra de violência de género exercida desde as instituições contra as mulheres.

Achamos que a detenção se ter efetuado na noite inscreve-se na lógica de dominação mediante o medo. É o “castigo” contra o pensamento crítico e a reivindicação social. São mensagens que buscam paralisar a empatia social.

Exigimos a um Estado que se diz democrático que respeite os direitos humanos, o trato digno e respeitoso que toda pessoa merece. Alertamos ante a aplicação de medidas excecionais e da supressão das garantias mínimas que como seres humanos merecem.

Os estados adotam condutas machistas no recurso à violência como forma de poder, e o machismo é terrorista ao instaurar o medo e o terror como cela para as mulheres, e do mesmo modo que se pede que não tenha amparo para um, não deve o ter para o outro.

Galiza 30 de outubro de 2012

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