No veram do 1999 Mulheres Nacionalistas Galegas desenvolvimos umha campanha nas festas, festivais, romarias, … , com o lema ‘NA LUITA E NA FESTA O MACHISMO SEMPRE APESTA’. E assim o recolhimos no nosso voceiro ‘Deliberadamente’:
“A ideia da campanha surge da necessidade de destapar e denunciar as raizes da violência de género, já que a preocupaçom por isto está envolta em apreciaçons erradas como que som casos puntuais, marginais e muito lonjanos de nós mesmas. Nom nós paramos a pensar que poda ter a sua origem numha sociedade assentada na desigoaldade no reparto das funçons por ser home ou ser mulher, sendo estas últimas as mais desprestigiadas ainda sendo fundamentais.
No tempo livre e de lazer, nas festas, nos dias feriados, a pouco que se bote umha olhada, podemos verificar que o trabalho das mulheres nom se reduz, senom todo o contrário.
Recai na nossa responsabilidade todo o ‘apoio logistico’: a planificaçom , a organizaçom das comidas, a recolhida e limpeça. Isto sem esquecer fazêlo tendo um olho nas criaças a ver que fam. Os homes maioritariamente ocupam-se da ‘representaçom pública’, das pachangas e do toldo, ocupaçons tam cansadas que nom nos importaria, generosas de nós, substitui-los.
No momento dos contos, das bromas, dos chistes as mulheres também, saimos mal paradas, parece que há umha ‘consigna’ tácita para desprezar tudo o do nosso género e deixar bem claro quem manda, e o seu dever lembrar-nos sempre o nosso sítio. Mesmo para ligar parez que essa é a única actitude que conhecem. Nom podemos seguir consentindo que os homes tenham sucesso desse jeito !!
Em toda festa ou festival chega o momento das cançons. Aí tampouco escapamos do inexorável retrato patriarcal:
Quando se trata de cantigas tradicionais reproduce-se umha imagem nossa de submissom, mercadoria e objeto de violência sexual e agressons:
E esta noite hei de ir aló
Tera-las pernas lavadas
Que m-hei de meter antre ellas
Anque sea às punheladas
Como te colha no prado
Como te colhim mais vezes
Hei-che de meter no corpo
Erva para nove meses
A nena que é bonitinha
E nom di mal de ninguém,
Quanto mais baixinho mira
Quantos mais amores tem.
O que tem a mulher feia
Grande regalia tem
Trabalha como umha negra
Nom lha cobiça ninguém.
Hei-che que dálo boi tolo
E maila vaca amarela
E maila filha mais nova
Para que cases com ela.
A mulher do tio Mateo
Tem umha xiroba
Que lha fijo o tio Mateu
Com o pau da escova
Estos ejemplos avondam para ver umha imagem de mulher que o Patriarcado cria como o ‘ideal’ para regalia dos homes. Num sistema onde a mesma característica pode ser qualificada como virtude ou defecto dependendo se se encontra num home ou numha mulher.
Hoje um, manhá com outro,
Muito che gosta cambiar!
Nom sei se ‘pra’ mais adiante
Terás com quem casar.
Estas cantigas nom há que esquêcelas , devem formar parte dum tratado de antropologia para poder entender e analisar a sociedade que as criou, mas nom recuperá-las para a festa e diversom, reforçando assim actitudes discriminatórias. Nom há que preocupar-se, nom imos ficar sem cantigas tradicionais, tendo en conta que do nosso cancioneiro temos abundantíssimo material onde escolher sem mostrar umha imagem indigna da mulher.
Se imos às cançons de nova criaçom encontramo-nos com o mesmo. A imaxinaçom sirve para criar novos estilo, novas tecnologias, estéticas vangardistas, mas quase nunca se usa para provocar mudanças libertadoras, mostrar outras actitudes ou desenhar outro tipo de sociedade.
Mesmo em grupos que tenhem a vontade de fazer letras antisistema encontramos poucas referências às mulheres como grupo discriminado ou como motor de luita só o tópico de mulher como nai ou obxecto do amor masculino.
Se isto acontece nesta classe de grupos a imagem que oferecem outros é desalentadora.
O prémio gordo levam-no os Herdeiros da Crus, preocupante polo sucesso que parecem ter entre a gente nova, grupo que reforça a imagem do tío “tumbabraghas” e onde as mulheres ficamos reduzidas a um buraco que há que penetrar.
Bem, só com breves questons a reflexionar para olharmos que no lacer e na festa também está presente o patriarcado com a sua discriminatória divisom de papéis que fai de nós agentes submissas dumha ideologia que nom nos permite desenvolver-nos plenamente como seres humanos.
A campanha está sendo polémica, bem! Há homes que opinam que está lema é moito forte e que se lhes está a insultar, por qué se picam? Muitas mulheres colocam gostosas o auto-colante com o lema, por qué será?
Nós seguimos a opinar que na luita e na festa o machismo sempre apesta!”
A campanha tivo muito sucesso polo tema e pola novidade da mesma, conseguimos chegar a um grande número de festivais e concertos na Galiza: As Pontes, Moeche, Cedeira, Ortigueira, Caranza, Pardinhas, Laranho, Intercéltico, Santo Estevo, Sam Joam, Couso, Galiza beibe entre outros.
Distribuindo umha brochura explicativa e repartindo o colante que nom só o levavam as pessoas assistentes em geral, senom também conseguimos implicar aos grupos que actuavam, conseguindo em muitos casos que amosaram publicamente o apoio à campanha e actuaram com o colante posto, por citar alguns: Ugia Pedreira, Xurxo de Kaos, Fermín Muguruza, Nenos da Revolta, …
Esta campanha de MNG há já 19 anos foi pioneira na Galiza, mais por desgraza é umha luita na que o feminismo temos que seguir avanzando e neste momento estamos múltiples organizaçons feministas involucradas na mesma e incluso conseguimos que cada vez máis as instituçons se comprometam com a mesma.
Juntas conseguiremos umhas festas livres de machismo. E hoje 19 anos mais tarde seguimos a opinar que NA LUITA E NA FESTA O MACHISMO SEMPRE APESTA!!