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Conseguimos suspender eleição Rainha festas!! Somos feministas intolerantes co #machismo pq #machismomata. Podes ver as notas de imprensa aqui:
http://elprogreso.galiciae.com/nova/170098.html
http://elprogreso.galiciae.com/nova/169892.html?lang=gl
http://www.elcorreogallego.es/galicia/ecg/tachan-de-rancio-machismo-la-eleccion-de-reina-de-las-fiestas-de-sarria-en-lugo/idEdicion-2012-05-09/idNoticia-745446/

http://www.sermosgaliza.com/artigo/social/sarria-promove-un-concurso-sexista-e-anacronico-para-escoller-unha-raina-das-festas/20120509125102001038.html
http://www.sermosgaliza.com/artigo/social/o-alcalde-de-sarria-recua-e-suspende-o-concurso-de-beleza-por-culpa-das-feministas/20120509154230001044.html

COMUNICADO:

Uma vila em festas, com todos os ingredientes populares; entre eles, o maior anacronismo que se mantém: a ridícula eleição de uma rainha das festas e as suas damas de honra…


Apesar de que nos últimos anos o discurso de género começou se inserir nas políticas públicas, resulta interessante perguntar-se como estas modificações contribuíram a superar as relações historicamente assimétricas entre homens e mulheres. Constatamos que apesar de existir maior presença feminina nos espaços públicos de poder, as políticas oficiais muitas vezes limitam o discurso das mulheres a programas e projetos relacionados com a violência doméstica e a maternidade, adiando a necessidade de superar realmente a discriminação de género.

Por outra parte, é um feito com que existe uma fenda entre o discurso e a prática institucional pois muitas vezes a construção de políticas de género encontra-se com resistências e práticas culturais discriminatórias. Desde esta realidade é possível perceber como a oficialidade segue promovendo espaços como as eleições de rainhas, onde a mulher é concebida como objeto decorativo, onde o seu corpo está sujeito à valoração e desfrute da mirada masculina.

Numa sociedade na que presumivelmente se avança na igualdade de género, mantém-se praticamente intacto o espírito e a estética de um espetáculo que faz passear, mede e vota o corpo da mulher. Num concurso de beleza o fundamental é o corpo humano, concretamente o corpo da mulher, ao que se lhe põe um preço e se comercializa, que é o que sempre fizeram os homens, comercializar contudo aquilo que não podem controlar. Projeta-se assim a ideia da mulher como um objeto, um marco mental que evidentemente não está só vinculado a este tipo de concursos senão que vem de uma cultura na que se ensina a buscar a própria estima na imagem. Nestes concursos apresenta-se a beleza como um meio para ascender socialmente no que se trata de explorar o capital corporal numa sociedade que despreza o mérito e a preparação. As bases deste tipo de concursos redundam na ideia de mulher-objeto, objeto de desejo.

Nos últimos anos decaiu o interesse neste tipo de eleições da mão do avanço da igualdade, mas não desapareceu e em alguns casos como o que nos ocupa «recupera-se»… Todo o concurso, dizem-nos, persegue um fim e rejeitam que se possa falar de sexismo. O que se valora, argumentam, é a «beleza», uma beleza diferente à das modelos «às que se lhes exige umas talhas bem mais pequenas, com mais curvas»; neste caso é a estética do «povo». Para rebater as acusações de machismo, assinala-se que também há certames masculinos mas o debate sobre o homem objeto e a exibição de músculo tem ingredientes muito diferentes que mereceriam uma análise aparte.

Mas o assunto consiste em que estes torneios não só reproduzem as iniquidades de género, senão que também contribuem a manter assimetrias de outra natureza, inseridas num patrão de poder global fortemente inseridos nos imaginários sociais. Estes reinados ademais de recrear um ideal de beleza feminina buscam reafirmar os valores morais dominantes. Por exemplo, uma rainha nunca poderá aprovar publicamente o aborto, o ateísmo, a conveniência do divórcio, declarar-se lésbica ou afirmar os direitos sexuais das mulheres… Os certames de beleza , utilizam à mulher para afiançar um modelo de poder ou para propor um retorno a valores tradicionais inamovíveis; fixam no tempo os papéis e as funções que devem ser assumidos pelas mulheres.

Por isto solicitamos a suspensão do certame para a eleição da Rainha das Festas 2012, por considerar que este anacrónico concurso constitui uma exaltação do mais rançoso machismo e atenta contra a dignidade das mulheres. Consideramos intolerável que desde uma instituição pública, como o Concelho de Sarria, e com os impostos de cidadãos e cidadãs se sustenha uma atividade que nem achega nada às festas nem foi nunca tradição. Solicitamos assim mesmo que o Concelho se comprometa a suprimir para sempre do calendário de atividades festivas este tipo de eventos nos que não se mostra respeito pelas mulheres. Os tempos da mulher-floreiro já passaram à história. Gostaríamos, por de mais, que as concelheiras, aderissem ao nosso pedido e demonstrassem assim aos seus colegas que elas também não são mulheres-floreiro, nem objetos decorativos no salão de plenos do Concelho de Sarria. Elas não deveriam tolerar ser comparsas de um espetáculo tão pouco edificante, com independência do género ou das preferências políticas.

Maio 2012

Mulheres Nacionalistas Galegas

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