Em este 8 de março, levantamos mais uma vez nossas vozes para exigir uma transformaçom radical com igualdade, autonomia, liberdade e soberania!
Neste 8 de Março estaremos nas ruas novamente para reafirmar nosso compromisso de luita contra o patriarcado. Reconhecemos os avanços conquistados pola luita das mulheres, mas temos no horizonte ainda muito a fazer para garantir nossa autonomia, igualdade e direitos plenos; o combate ao machismo é todo dia.
Nos últimos tempos acompanhamos o surgimento de uma grave ofensiva conservadora, que tenta impor princípios religiosos para o conjunto das pessoas, além de propor retrocessos na questom dos direitos humanos. Essa ofensiva culmina em um processo pautado pelo conservadorismo, no qual o papel da mulher se reduz ao de ser mai.
A nossa luita é diária!
Nós, feministas, estamos em luita diária contra a violência sexista, pola descriminalizaçom do aborto, pola valorizaçom do nosso trabalho, por uma educaçom de qualidade para todas as pessoas e somos solidárias com as luitas anti-capitalistas travadas na Galiza e no mundo. Há muito que as mulheres estamos nas ruas para afirmar o que queremos construir a partir do feminismo: um mundo livre de exploraçom, desigualdades e discriminaçom.
Contra o patriarcado e o capitalismo!
As crises financeira, económica, ambiental e alimentar que afetam nossas vidas nom som fenómenos isolados. Trata-se de uma crise gerada por um modelo de desenvolvimento baseado na superexploraçom do trabalho e na especulaçom financeira transformando tudo em mercadoria e colocando preço inclusive a nossos corpos.
A avalanche de cortes e políticas de ajuste económico e restriçons de direitos perante sua crise financeira som apenas uma desculpa para dar mais uma outra reviravolta para o reforço e fixaçom do a cada vez mais voraz sistema patriarcal-neoliberal. Sistema hierárquico, sexista, racista e classista que explora as pessoas e a natureza com o único objectivo do enriquecimento de uns poucos, cuja conseqüencia direta é a crescente feminizaçom da pobreza.
Nom acreditamos em respostas superficiais para a crise. Somos contra os dinheiros retirados dos fundos públicos para salvar bancos e grandes empresas. Também somos contra qualquer tentativa de retirada dos direitos trabalhistas e de reduçom de salários, propagandeadas como soluçons para a crise económica. Queremos investimentos públicos que garantam e reforcem a rede de direitos sociais. É urgente avançarmos na construçom de alternativas a este modelo!
Achamos que com a desculpa da crise está a se silenciar a voz das mulheres e das suas organizaçons conseguindo que desapareçam os já escassos cauces para a sua participaçom social e cidadá. A construçom de uma nova sociedade nom acontecerá sem a incorporaçom das nossas demandas especificas. Para sermos vitoriosas, é preciso compromisso com nossas demandas históricas e autonomia do movimento para pautá-las.
Conquistar a igualdade!
Construir a igualdade em nossa sociedade passa por valorizar o trabalho das mulheres e garantir sua autonomia económica. Defendemos e luitamos por um modelo de proteçom social solidário, universal e inclusivo, com direito à saúde, assistència social e salarios dignos para todos e todas.
Para conquistar a igualdade, é preciso ampliar os serviços públicos. Por isso, hà que parar com a privatizaçom de unidades de saúde, educaçao e dos serviços sociais, impulsionadas pelos governos neoliberais. Se as políticas públicas nom garantem direitos sociais fundamentais como estes, aumenta o trabalho de cuidados das pessoas, que é realizado cotidianamente por nós, mulheres. Luitamos para que esse trabalho seja partilhado com os homens e com a sociedade.
Vivemos um momento de criminalização das mulheres, no qual a luita por nossa autonomia tem sido duramente atacada. A maternidade deve ser uma decisão consciente, não uma obriga. Criminalizar o aborto não impedirá que aconteça. Polo contrário, condena as mulheres com menos recursos a se submeterem a práticas inseguras para interromper uma gravidez indesejada.
Sororidade!
Queremos igualdade para todas as mulheres. Por isso, combatemos as desigualdades em todas as suas manifestaçons e a banalização da imagem da mulher veiculada nos mídia. Essa imagem contribui para mercantilizar nossas vidas e reflete as violèncias que sofremos dia a dia.
Somos solidárias a todas aquelas que vem a soberania de seus povos atacada seja onde for. Nos solidarizamos aos processos de construçom de alternativas em curso, que recuperam a soberania dos povos sobre seu território e seus recursos.
Manteremos nossa rebeldia e mobilizaçom!
Para conquistarmos o lugar em que nos encontramos hoje, foram necessárias muitas mudanças e quebra de paradigmas. Neste momento nom só temos que luitar por avançar nos nossos direitos mas é que já perdemos direitos.
Neste 8 de março, estaremos nas ruas confrontando o sistema patriarcal e capitalista que nos oprime e explora. Nas ruas, em nossas casas e no cotidiano de nossas vidas.
A melhor forma de comemorar este dia é nos juntarmos numa corrente de indignaçom e esperança. Indignaçom com a terrível e vergonhosa situaçom em que nos vemos. E esperança na nossa capacidade de mudar essa situaçom. Por isso fazemos um chamado à participaçom em todos os atos que se convocarem neste día de luita.