A violência contra as mulheres assume muitas formas: física, sexual, psicológica e econômica. Essas formas de violência se inter-relacionam e afetam as mulheres desde antes do nascimento até a velhice.
A violência contra as mulheres não está confinada a uma cultura, uma região ou um país específicos, nem a grupos de mulheres em particular dentro de uma sociedade. As raízes da violência de gênero decorrem da discriminação persistente contra as mulheres. Deriva de uma organização social de gênero que privilegia o masculino.
As desigualdades de gênero alicerçam-se na existência de uma hierarquia histórica e cultural entre homens e mulheres, com primazia do masculino, respaldada na “lógica” da diferença biológica entre os sexos. Manifesta-se numa ordem social e material fortemente simbólica, que inferioriza, submete e discrimina a condição feminina. Está presente na família, nas igrejas, no mercado de trabalho, nos processos de trabalho, nas instituições, nos partidos políticos, nos movimentos sociais, enfim, no imaginário coletivo sob a forma de representações sociais. Aos homens, o cérebro, a inteligência, a razão lúcida, a capacidade de decisão… Às mulheres, o coração a sensibilidade e os sentimentos.
Estas desigualdades têm no patriarcado – sistema masculino de opressão das mulheres, caracterizado por uma economia domesticamente organizada, na qual as mulheres tornam objeto de satisfação sexual dos homens, reprodutoras de herdeiros, de trabalho e de novas reprodutoras – um de seus melhores espaços de manifestação, historicamente falando, uma vez que o sistema é identificado com a dominação e a exploração.
A rigor, o machismo, tendência à naturalização dos privilégios masculinos e da subordinação feminina, é uma formulação social quase naturalizada. As relações sociais, o sistema político, econômico, social e cultural imprime, ao longo do tempo, uma representação muito forte de subordinação das mulheres aos homens. Essa subordinação, reprodutora de desigualdades entre os gêneros, sempre foi tratada como natural, imutável e justificadora dos esquemas de discriminação e opressão sobre as mulheres. Os sustentáculos dessas relações desiguais são, principalmente, a divisão sexual e desigual do trabalho doméstico, a divisão social do trabalho, o controle do corpo e da sexualidade feminina e a exclusão das mulheres dos espaços de poder e decisão.
A desigualdade de gênero é um fenômeno transversal à sociedade, pois desconhece a fronteira de classe social e de raça/etnia. Ocorre no mundo inteiro e atinge mulheres em todas as idades, grau de instrução, estado civil, classe social, orientações religiosa e sexual, condições física e mental…
Não se nega que tenha havido evolução no tocante à situação das mulheres na sociedade, bem como um avanço legislativo no enfrentamento das desigualdades de gênero. Essa evolução ocorreu graças à incessante luta de muitas mulheres, feministas ou não, contra sua história de subordinação.
Hoje é imperativo conhecer e fazer valer os direitos e expressá-los no espaço público porque toda mulher tem o direito à vida, à dignidade, à integridade física, a liberdade pessoal, a privacidade, auto-determinação, o maior nível da saúde reprodutiva, e o direito a viver livre de violência e discriminação.
Hoje, 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, amanhã e todos os dias do ano vamos deixar claro que as mulheres queremos nos sentir livres da violência machista. Vemo-nos nas ruas!
Contra o terrorismo machista, Feminismo sem trégua!!!